Combinando forças para a saúde dos adolescentes

JENNIFER MARX

Médicos Sem Fronteiras (MSF) oferece apoio e ajuda médico-humanitária aos adolescentes desde o início de sua atuação. Nos países onde MSF trabalha, os adolescentes pertencem aos grupos mais vulneráveis e com acesso mais difícil a cuidados clínicos, especialmente na área de saúde sexual e reprodutiva. A organização, como muitos outros atores, reconheceu a importância de criar estratégias e projetos específicos para eles, a fim de melhorar o acesso e a qualidade dos serviços de saúde.

Projetos exclusivos para jovens em MSF apresentam características específicas. A primeira e mais importante é que eles contam com profissionais capazes de responder adequadamente às necessidades próprias de sua faixa etária. Uma das principais barreiras ao acesso a serviços de saúde são geralmente as atitudes moralistas e críticas dos profissionais de saúde do local, bem como a falta de conhecimento sobre as leis e os regulamentos que reconhecem os direitos dos adolescentes.

Por meio de treinamento e monitoramento contínuo, é possível conseguir que os provedores de saúde ofereçam serviços de qualidade, confidenciais, amigáveis e livres de preconceitos.

Experiências e estudos ao longo dos anos mostraram que outra razão importante pela qual o adolescente recusa-se a ir aos serviços de saúde sexual e reprodutiva é o medo do estigma e das represálias. A família e os membros da comunidade tendem a julgar seu comportamento sexual por causa de normas socioculturais ou religiosas. Os atuais projetos de MSF voltados para esse grupo têm respondido ao problema por meio da construção de espaços projetados e reservados exclusivamente para jovens, que oferecem a privacidade que o adolescente precisa para se sentir confortável, seguro e sem medo de encontrar familiares ou conhecidos da comunidade na mesma sala de espera.

Outro aspecto dos projetos para adolescentes em MSF, que contribui para um maior acesso, tem sido o uso de promotores de saúde jovens que informam, dentro das comunidades e escolas, sobre os serviços oferecidos nos centros de atendimento. Porém, mais importante ainda do que informar o adolescente sobre onde, quando e por que acessar os serviços de saúde é que MSF garanta acesso gratuito a esses serviços.

Atualmente, os projetos para jovens em MSF concentram-se principalmente na prestação de serviços de saúde sexual e reprodutiva e na prevenção e gestão do HIV. O novo objetivo é incluir outras áreas que também são fundamentais no desenvolvimento do adolescente, entre elas: saúde mental, nutrição e doenças crônicas.

É essencial entender que a problemática de saúde dos adolescentes está intimamente relacionada com os fatores socioculturais, legislativos e econômicos de cada país. Portanto, busca-se que as estratégias sejam abordadas de forma abrangente, envolvendo, na medida do possível, todos os atores relevantes. A maioria dos projetos para adolescentes que MSF realiza em diferentes países trabalha em estreita colaboração com o governo correspondente e organizações não governamentais. O objetivo é complementar os esforços de MSF com os esforços locais e oferecer aos adolescentes não apenas acesso à saúde, mas também a outros serviços necessários para se manterem saudáveis. Parcerias com organizações que oferecem atividades recreativas, apoio ao acesso à educação, capacitação técnica para geração de renda e apoio social e jurídico a grupos de adolescentes particularmente vulneráveis são alguns exemplos do que está sendo implementado hoje.

Ainda há muito a ser feito para melhorar o acesso e a qualidade do serviço para jovens, não apenas dentro de MSF, mas globalmente. É necessário tornar o acesso às políticas de saúde para adolescentes uma realidade, pois investir na saúde deles é investir na saúde dessa e das novas gerações.

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