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Ucrânia
Com o início da guerra na Ucrânia, no final de fevereiro, Médicos Sem Fronteiras (MSF) precisou mudar seus projetos regulares — que incluíam atendimento a pacientes que vivem com HIV, atendimento à tuberculose e melhoria do acesso aos cuidados de saúde, no leste da Ucrânia — para uma intervenção de emergência no país, diante da drástica mudança no contexto.
Em uma corrida contra o tempo, MSF realizou doações de suprimentos médicos a instalações de saúde e treinamentos em hospitais para gerenciamento de fluxo em massa de feridos e trabalhou para transferir pacientes em estado grave. Também doou itens de primeira necessidade, atuou com clínicas móveis para levar assistência médica à população afetada pela guerra e transferiu pacientes em condições graves, porém estáveis, usando um trem-hospital. Com cidades cercadas e bombardeadas, milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas e a buscar refúgio em países vizinhos. Em resposta, MSF enviou equipes a Polônia, Moldávia, Hungria, Romênia, Eslováquia, Rússia e Belarus.
O conflito no leste da Ucrânia está em curso desde 2014. Um cessar-fogo foi acordado em 2015, mas desde então houve relatos regulares de bombardeios e tiroteios. Durante esse período, as pessoas que moravam perto da região de conflito continuaram enfrentando dificuldades para acessar os cuidados de saúde, em especial os idosos, muitos com doenças crônicas, incluindo hipertensão e diabetes. Garantir a continuidade desses cuidados também foi um foco fundamental em nossa resposta, pois, para pessoas idosas com condições crônicas, as interrupções no tratamento podem ser fatais.
Dois anos de pandemia
Dois anos depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado o início da pandemia, apenas 15,2%* das pessoas em países de baixa renda receberam pelo menos uma dose da vacina da COVID-19. A atual desigualdade alimenta focos nos quais o vírus continua circulando livremente, abrindo caminho para o desenvolvimento de novas variantes, com efeitos imprevisíveis, mesmo em quem está vacinado. Com mais de seis milhões de mortes em todo o mundo em decorrência do coronavírus, os governos não podem mais perder tempo à mercê da indústria farmacêutica e devem buscar acesso equitativo global às vacinas da COVID-19.
Enquanto isso,** esforços para permitir a suspensão temporária de direitos de propriedade intelectual no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), em debate há mais de um ano, têm esbarrado na resistência de alguns países ricos, particularmente da União Europeia. Novos remédios, eficientes para o tratamento da doença, são comercializados a preços proibitivos e seguem protegidos por patentes, inacessíveis à maioria dos pacientes que deles necessitam.
* Dados de abril de 2022.
** Cenário até a publicação desta edição.