Susana de Deus - Diretora-geral de MSF-Brasil

A República Centro-Africana tem uma população de 4,6 milhões de pessoas, adeptas do cristianismo, do islamismo e de crenças locais. Desde o início da guerra, envolvendo diversas facções, milhões de habitantes estão em fuga dentro do país ou buscando abrigo nos países vizinhos. No momento, aqueles que estavam acostumados a conviver com suas diferenças religiosas estão sendo perseguidos e mortos de forma cruel por causa de sua identidade. O deslocamento e a multiplicação das facções, entretanto, têm sido um desafio tremendo para Médicos Sem Fronteiras (MSF), que constantemente precisa analisar os riscos de segurança para não colocar em perigo as vidas de seus profissionais nem dos pacientes. Para termos acesso às áreas onde a população mais necessitada se encontra, precisamos negociar e renegociar em múltiplos postos de controle, obstáculos que as várias facções colocam nas estradas para controlar a circulação. Nos hospitais, além de salvarmos vidas, abrigamos vidas. Centenas de pessoas acabam fugindo para as instalações de MSF, o que acaba nos obrigando a fazer adaptações para acolhê-las.

MSF tem uma proximidade muito forte com seus pacientes. Quando em países como a Síria, essa proximidade – que oscila entre bombardeios –, a empatia e a colaboração com os profissionais sírios é tremendamente forte. Nesta revista, os leitores terão o testemunho de nossa colega María Rado em primeira mão.

Síria

Foto:Chris Huby

 

Em Moçambique, 1992 foi o ano em que o país iniciou sua corrida atrás do desenvolvimento depois de décadas de colonização. Mais de 15 anos de guerra civil provocaram um êxodo trágico de profissionais de saúde. A luta pelo crescimento econômico, com a abertura de fronteiras e maior circulação de pessoas, rapidamente foi acompanhada de outra batalha, aquela que mais tem desgastado o país: a luta contra o HIV. Nosso colega Augusto Meneguim apresenta um pouco do extraordinário trabalho que MSF realiza na cidade de Beira junto a trabalhadoras do sexo.

Por fim, despeço-me de você, que faz uma diferença incrível em milhares de vidas pelo mundo afora. Estou terminando cinco anos gratificantes como Diretora-geral de Médicos Sem Fronteiras Brasil. Foi uma honra trabalhar junto a uma equipe vibrante e compartilhar e receber seu apoio para salvar vidas. Aproveito para dar as boas-vindas à nova Diretora-geral, Ana de Lemos, que já assina a carta que você acaba de receber junto com esta revista.

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