Nº Relatório Anual 2021.

DESNUTRIÇÃO

Em 2021, 82 mil crianças com desnutrição grave foram admitidas em programas de nutrição de Médicos Sem Fronteiras (MSF). Em decorrência de guerras, conflitos e violência, deslocamentos forçados, escassez de água ou inundações, impossibilitando a produção e o cultivo de alimentos e diminuindo os meios de subsistência da população, a insegurança alimentar assola milhões de pessoas no mundo. Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que cerca de 828 milhões de pessoas foram afetadas pela fome em 2021. E, em muitos dos locais onde MSF atua, o contexto é alarmante.

NIGÉRIA

Desde 2020, o conflito no estado de Katsina aumentou de intensidade. Isso impacta as atividades agrícolas e, portanto, a segurança alimentar da população — muitos abandonam seus campos por medo de serem atacados durante a agricultura. Em 2021, as equipes de MSF trataram cerca de 31 mil crianças com desnutrição aguda grave no noroeste do país. Já em 2022, somente até julho, tratamos 52.955. No mesmo período, também foram atendidas 24.658 crianças com desnutrição aguda moderada.

“Eu não consigo amamentar o suficiente, porque não tenho condições de pagar por comida adequada para mim enquanto tenho quatro filhos para alimentar. A falta de segurança está contribuindo para o aumento dos preços dos alimentos. Se houver paz, as pessoas podem ir para suas terras para colher, e os preços dos alimentos diminuiriam.”
Fanni Ali
Residente do estado de Borno, Nigéria

SUDÃO DO SUL

Em 2021, pelo terceiro ano consecutivo, graves inundações atingiram duramente o Sudão do Sul, e a escassez de alimentos nos campos tem se agravado. Em fevereiro de 2022, milhares de pessoas chegaram após confrontos mortais forçarem-nas a deixar suas casas em Agok. A terrível situação nos levou a fazer algo fora de nossas atividades médicas regulares: fornecemos cerca de 500 toneladas de alimentos. Administramos ainda clínicas móveis em seis locais, onde vemos crianças muito doentes com malária e doenças diarreicas e, mais recentemente, com desnutrição, de maneira crescente.

A desnutrição pode levar a um sistema imunológico enfraquecido, o que significa que as crianças são mais vulneráveis a doenças. Essas doenças podem levar a mais desnutrição, criando, assim, um ciclo vicioso.

NÍGER

O aumento das chuvas por causa da mudança climática também causou inundações em algumas regiões do Níger. Pelo segundo ano consecutivo, vimos um número excepcionalmente alto de pacientes com malária e desnutrição em Niamey, capital do país. A mudança nos padrões de chuva está afetando a produção de alimentos e suscitando a disseminação de doenças infecciosas, como a malária. E a combinação mortal de malária e desnutrição atinge fortemente as crianças menores de 5 anos de idade.

SOMÁLIA E MADAGASCAR

No outro extremo, a falta de chuva e a seca em regiões da Somália exacerbaram a “lacuna da fome”, ou o período de escassez entre as colheitas. Em Madagascar, o desmatamento agravou uma seca devastadora, impactando severamente a colheita. Nesses locais, nossas equipes também responderam a altos níveis de desnutrição.

QUÊNIA

No nordeste do Quênia, uma seca contínua afeta a região após três temporadas consecutivas de pouca chuva, agravando uma situação já terrível de insegurança alimentar. Na área de Illeret, os casos de desnutrição têm aumentado, porque as condições de saúde do gado estão se deteriorando em razão da seca devastadora, resultando em menos produção de leite. Por causa do impacto das secas, as famílias quase não fazem ao menos uma refeição ao dia.

Em 2021, realizamos, ao todo, 203.400 admissões de crianças desnutridas em programas de alimentação ambulatorial. Esses são apenas alguns dos contextos em que MSF atua na resposta à desnutrição.
Para saber mais, acesse: msf.org.br

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