Afeganistão, COVID-19 e patentes e Mediterrâneo Central
As equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) continuam a fornecer cuidados em todos os nossos cinco projetos no Afeganistão: em Herat, Kandahar, Khost, Kunduz e Lashkar Gah. No Mediterrâneo, MSF segue suas operações de busca e resgate, ajudando as pessoas que se deslocam ao longo da rota de migração mais letal do mundo. Reafirmamos a urgência de apoiar a suspensão de patentes da COVID-19 na OMC.
Afeganistão
Após a rápida transição de poder no Afeganistão, em agosto de 2021, houve uma grande mudança no contexto da saúde no país. A maioria das estruturas de saúde está sob grande pressão, com escassez de profissionais e equipamentos. Isso significa que muitos pacientes não conseguem acesso aos cuidados de que necessitam. Como a maior parte da ajuda internacional ao país foi suspensa após a mudança de poder em Cabul, a situação piorou, e o sistema de saúde corre o risco de entrar em colapso. Mesmo com os conflitos recentes, Médicos Sem Fronteiras (MSF) continua realizando suas atividades médicas em cinco projetos no país, localizados em Herat, Kandahar, Khost, Kunduz e Lashkar Gah.
A desnutrição é um grande problema no Afeganistão. Por meses, MSF tem observado um grande número de crianças desnutridas em seu centro de alimentação hospitalar, em Herat. Embora seja uma situação regular no país, neste ano a doença está ainda pior, e o número de pacientes hospitalizados está atingindo mais do que o dobro de nossa capacidade máxima. Entre maio e setembro de 2021, observamos um aumento de quase 40% no número de admissões em nosso programa de alimentação terapêutica para pacientes internados, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
COVID-19 e patentes
Nos 14 meses desde que a Índia e a África do Sul propuseram, pela primeira vez, a suspensão de patentes das ferramentas médicas contra a COVID-19, mais de 4 milhões de pessoas perderam suas vidas em razão do novo coronavírus. Mais de 100 nações apoiaram a solicitação; no entanto, em virtude da oposição de um grupo de países de alta renda que ignoram essa solidariedade global, as negociações sobre a suspensão de patentes continuam a mover-se em um ritmo muito lento.1 “O recente surgimento de uma nova cepa mais transmissível é um exemplo revelador de como esse vírus continua a sofrer mutação, especialmente na ausência de acesso equitativo às ferramentas médicas certas para lidar com a COVID-19”, afirma Candice Sehoma, especialista em assuntos humanitários da Campanha de Acesso de MSF na África do Sul.
Mediterrâneo Central
Estima-se que 1.303 pessoas morreram ou desapareceram durante a perigosa viagem pelo Mediterrâneo Central em 2021, incluindo crianças. Mais de 22 mil pessoas desapareceram ou morreram nessa mesma rota desde 2014. Desde o início de suas atividades de busca e salvamento, em 2015, MSF enviou equipes médicas a bordo de sete navios de resgate, às vezes operando em parceria com outras organizações. Em geral, as equipes de busca e salvamento de MSF atenderam mais de 82 mil pessoas. O Geo Barents, que iniciou suas operações em maio de 2021, é o atual navio fretado de busca e salvamento da organização. Um total de 1.345 pessoas foram resgatadas pela equipe de MSF a bordo desse navio entre maio e novembro de 2021.