Nº Relatório Anual 2021.

BRASIL

MSF atuou no país pela primeira vez em 1991

5.070 consultas ambulatoriais para COVID-19
590 pacientes hospitalizados com COVID-19

Em 2021, o cenário da pandemia de COVID-19 se deteriorou ainda mais em comparação a 2020. Em janeiro, a alta do número de ca-sos no estado do Amazonas aumentou a demanda por oxigênio, e muitas instalações de saúde rapidamente zeraram seus estoques, resultando na morte de dezenas de pacientes. O sistema de saúde da capital, Manaus, única cidade do estado com leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) naquele momento, entrou em colapso, impossibilitando a transferência de pacientes de áreas rurais.

Alguns pacientes em estado crítico assistidos por Médicos Sem Fronteiras (MSF) no interior do estado não puderam ser transfe-ridos e, consequentemente, morreram. Nossas equipes fizeram o máximo para aumentar a capacidade de atendimento e ajudaram a administrar o suprimento muito limitado de oxigênio nessas regiões.

Com o desenrolar da catástrofe em Manaus, enviamos equipes para oferecer apoio técnico e treinamento em unidades de saúde que originalmente forneciam apenas cuidados básicos — Unida-des Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) — e se viram diante da necessidade de operar como UTI da noite para o dia, para suprir a demanda explosiva por atendimento médico de mais alta complexidade. Profissionais de saúde mental de MSF deram assistência ao pessoal de saúde, sobrecarregado física e mentalmente.

A promoção de medicamentos sem eficácia, o desprezo pelas medidas preventivas e os questionamentos por parte das autori-dades federais no que tange à eficácia e à segurança das vacinas, associados ao atraso na aquisição de doses, agravaram o cenário. Como resultado, no final de 2021, somavam-se 620 mil mortes por COVID-19 no Brasil, muitas das quais poderiam ter sido evitadas. No decorrer de um ano repleto de dificuldades, tentamos combater a desinformação com equipes de promotores de saúde em contato direto com nossos pacientes e utilizando nossos canais de mídias sociais, para nos contrapormos à propagação de notícias falsas.

Ampliamos nossas ações em estados como Rondônia e Pará, na região Norte, e em partes da região Nordeste, como em áreas urbanas do estado do Ceará e comunidades remotas da Paraíba e da Bahia, com o objetivo de diagnosticar a doença no estágio inicial, diminuindo a chance de os pacientes virem a necessitar de um leito de UTI.

Muitos de nossos projetos estiveram dedicados ao treinamento de profissionais de saúde, compartilhando nossa experiência ad-quirida em epidemias anteriores, especialmente em medidas de controle e prevenção de infecções.

Até o final do ano, nossas equipes haviam trabalhado em oito estados brasileiros, uma atuação sem precedentes, tanto em vo-lume de recursos humanos quanto de material, em 30 anos de nossa história no país.

ASSISTÊNCIA A MIGRANTES E COMUNIDADES VULNERÁVEIS

Nos últimos meses de 2021, com o avanço da vacinação resultando na diminuição dos números de casos e mortes por COVID-19, re-duziram-se as restrições nas fronteiras brasileiras, aumentando o influxo de migrantes venezuelanos em Roraima, onde, desde 2018, MSF está presente apoiando o sistema de saúde local. Amplia-mos nossa atuação com clínicas móveis e ações de promoção de saúde em diversos municípios do estado e mantivemos o trabalho que vem sendo desenvolvido em Boa Vista, em abrigos formais e informais, e em UBS. No final do ano, oferecemos assistência às comunidades indígenas em Pacaraima.

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