Editorial

Nira Torres - Diretora de Comunicação de MSF-Brasil

Em lugares com contextos desafiadores, promover o acesso a serviços de saúde de qualidade pode exigir soluções inovadoras. Portanto, parte importante do trabalho de Médicos Sem Fronteiras (MSF) inclui investimentos em pesquisas e projetos de desenvolvimento de novas tecnologias que nos ajudem a oferecer cuidados de saúde de qualidade a nossos pacientes pelo mundo.

Na matéria de capa desta edição, traremos algumas das novas tecnologias e abordagens médicas desenvolvidas e utilizadas por MSF em seus projetos. Em Eswatini, por exemplo, país com uma das maiores incidências de HIV no mundo, MSF desenvolveu e passou a utilizar uma ferramenta digital para orientar os pacientes antes e depois dos autotestes de HIV. Já no Malaui, país com a segunda maior taxa de mortalidade por câncer do colo do útero no mundo, um estudo da Fundação MSF busca aprimorar o diagnóstico da doença por meio de uma ação combinada de teste PCR e inteligência artificial.

Também criado para facilitar diagnósticos, o Antibiogo é um aplicativo gratuito desenvolvido por MSF para facilitar a interpretação dos antibiogramas, testes que identificam a resistência das bactérias aos antibióticos. Em países de baixa e média renda, esse recurso pode ajudar a salvar muitas vidas. Na matéria, destacamos ainda o uso da tecnologia de impressão 3D para desenvolver próteses com menor custo e de forma mais rápida para pacientes sobreviventes de guerra e a utilização da técnica do hospital pré-fabricado, que tem permitido a MSF construir instalações médicas rapidamente em locais onde materiais de construção não são de fácil acesso.

Para esta edição, entrevistamos Renata Reis, a nova diretora-executiva de MSF-Brasil, que tem uma longa trajetória na organização, iniciada com a estruturação da área de Advocacy e Relacionamento Institucional. Já são mais de dez anos em MSF. Na entrevista, ela explica como MSF-Brasil pode contribuir com seu conhecimento em assistência médico-humanitária para auxiliar outras organizações e MSF no mundo, qual é nossa atuação no Brasil hoje e como sua vivência pode contribuir para os rumos da organização no país.

Em artigo, Serena Sorrenti, especialista em migração e violência da Unidade Médica Brasileira (Bramu), fala sobre migração na América Latina, um tema importante para a região. A migração irregular, sobretudo após as restrições impostas sob o argumento da pandemia, afeta diretamente a saúde das pessoas em deslocamento e também envolve impactos nos sistemas públicos de saúde dos países.

No “Direto de”, a brasileira Ana Bekken compartilha sua experiência como coordenadora de recursos humanos de emergência de MSF no Haiti. Nos últimos anos, o país tem vivido uma escalada de violência. Por isso, ainda que as necessidades de saúde da população sejam grandes, MSF é uma das poucas organizações que continuam atuando no país. Ana Bekken fala sobre os desafios de trabalhar nesse contexto, compartilha episódios de sua vivência no país e conta o que MSF tem feito para levar serviços médicos de qualidade aos pacientes no Haiti.

Concluímos esta edição da Revista InformAção com uma seleção dos projetos de MSF encerrados recentemente em vários lugares do mundo. Repassar projetos para as autoridades locais é sempre uma boa notícia e motivo de celebração, e na seção “Em foco” explicamos por quê. A conclusão dos projetos é o estágio final da nossa atividade, e esse trabalho, assim como toda a atuação de MSF, só é possível com o apoio de vocês, nossos doadores. Portanto, muito obrigada!

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